Abandonar Angra 3 custaria bilhões e traria prejuízos ao Brasil

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Angra 3 representa não apenas uma fonte estratégica de energia, mas também um motor de crescimento econômico e social. A usina nuclear, cuja construção já recebeu investimentos bilionários, segue inacabada, e sua paralisação pode custar ainda mais aos cofres públicos. Para que o Brasil renuncie ao projeto, seriam necessários gastos superiores a R$ 21 bilhões, um valor próximo ao necessário para finalizá-lo e garantir benefícios diretos à economia e à população. O impasse sobre Angra 3 expõe o dilema entre custo e benefício e levanta a questão: o Brasil pode se dar ao luxo de desperdiçar esse investimento?

O impacto financeiro da conclusão ou abandono de Angra 3

A construção de Angra 3 já consumiu cerca de R$ 12 bilhões em investimentos. Caso a usina seja abandonada, o Brasil não apenas perderia esse montante sem obter qualquer retorno, mas ainda precisaria gastar mais de R$ 21 bilhões para desativar a estrutura já erguida. Esse valor se aproxima dos R$ 23 bilhões estimados para concluir a obra e finalmente integrá-la ao Sistema Interligado Nacional (SIN), fornecendo energia para milhões de brasileiros.

Além disso, estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que, para cada R$ 1 bilhão investido em energia nuclear, são gerados mais de R$ 2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB). Ou seja, ao finalizar Angra 3, o país poderia transformar um gasto improdutivo em um ativo estratégico que se autofinancia por meio da geração de energia.

A conclusão da usina também impulsionaria a geração de empregos, tanto na fase de obras quanto na operação, fortalecendo a economia local e nacional. Com um projeto já avançado e um custo de finalização relativamente pequeno em comparação aos prejuízos de sua paralisação, abandonar Angra 3 seria um erro econômico grave.

A importância de Angra 3 para o sistema elétrico brasileiro

A matriz energética brasileira depende fortemente das hidrelétricas, mas enfrenta desafios crescentes, como secas prolongadas que afetam a geração de energia. Em períodos de crise hídrica, o país precisa recorrer a termelétricas movidas a combustíveis fósseis, que são mais poluentes e caras para o consumidor.

A energia nuclear surge como uma alternativa segura e eficiente para diversificar a matriz energética e reduzir a dependência de fontes menos sustentáveis. Angra 3, quando concluída, terá capacidade para gerar aproximadamente 1.405 megawatts (MW), o suficiente para abastecer cerca de 4 milhões de pessoas. Isso reforça a segurança energética do Brasil, garantindo um fornecimento estável de eletricidade independentemente das condições climáticas.

Além disso, a usina contribuiria para o equilíbrio do Sistema Interligado Nacional (SIN), reduzindo a necessidade de acionamento de usinas térmicas a combustíveis fósseis, que impactam tanto o meio ambiente quanto a conta de luz dos brasileiros.

O desenvolvimento do setor nuclear e a soberania energética do Brasil

A expansão do setor nuclear brasileiro não se limita apenas à geração de eletricidade. A tecnologia nuclear tem aplicações estratégicas em diversas áreas, como medicina, agricultura e indústria. Concluir Angra 3 impulsionaria o desenvolvimento científico e tecnológico do país, fortalecendo sua posição no cenário global.

Enquanto outras nações avançam no uso da energia nuclear, o Brasil corre o risco de perder competitividade ao manter projetos inacabados. Países como França, China e Estados Unidos continuam investindo na construção de novas usinas para garantir autonomia energética e reduzir a emissão de carbono. Se o Brasil deseja se manter competitivo e independente no setor energético, finalizar Angra 3 é um passo essencial.

Além disso, a conclusão da usina reforça a soberania nacional ao reduzir a necessidade de importação de combustíveis fósseis e garantir uma fonte estável e previsível de energia. O Brasil tem expertise e recursos para avançar no setor nuclear, e deixar Angra 3 inacabada significaria desperdiçar um potencial estratégico valioso.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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