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Num tempo em que a narrativa da história nacional é frequentemente sequestrada por disputas ideológicas e negligência institucional, celebrar os 80 anos da vitória brasileira em Fornovo di Taro se torna mais que uma solenidade militar: é um ato de resistência, reafirmação de identidade e proteção da soberania da memória nacional.
A cerimônia realizada no Forte Ipiranga, em Caçapava (SP), pela Brigada de Infantaria Aeromóvel, ao reunir pracinhas centenários, militares da ativa e a população civil, transcende a homenagem. Ela reafirma um marco incontestável da presença brasileira no teatro europeu da Segunda Guerra Mundial: a rendição da 148ª Divisão de Infantaria Alemã a tropas da Força Expedicionária Brasileira, em 28 de abril de 1945.
Lembrar é Atuar: A importância simbólica da FEB na formação da identidade nacional

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial é, muitas vezes, relegada a rodapés nos livros didáticos. Contudo, é impossível ignorar que o país enviou cerca de 25 mil combatentes ao front italiano — jovens oriundos de todas as regiões, forjados no calor da luta contra o nazi-fascismo. Em Fornovo, mais de 14 mil soldados alemães depuseram as armas diante de brasileiros — um feito que ainda hoje impressiona estudiosos da história militar.
Relembrar esse feito não é saudosismo: é compromisso com a verdade. Nossos heróis da FEB representam uma das maiores expressões de protagonismo internacional do Brasil no século XX. Negar ou relativizar esse episódio é compactuar com o apagamento histórico.
Entre o esquecimento e a reverência: o papel do Exército Brasileiro como guardião da memória
Ao reunir os últimos combatentes vivos — entre eles, o Tenente Zandonadi, o Tenente Jarbas e o Cabo Grotto, todos centenários — o Exército Brasileiro honra não apenas sua própria história, mas a história de um país que precisa urgentemente reaprender a admirar seus feitos. A reverência feita por cadetes da AMAN e alunos da ESA aos veteranos revela uma continuidade geracional do ideal de serviço à Pátria.
O General de Exército Montenegro e o Tenente-Coronel Hilgenberg foram enfáticos: a chama da coragem e do dever não pode se apagar. Essa chama está acesa também na Distinção Cabo Fornovo di Taro, honraria concedida aos cabos que demonstram excelência moral, física e intelectual em suas unidades, relembrando o heroísmo de Marcílio Luiz Pinto — único brasileiro condecorado com a Silver Star pelos Estados Unidos durante a guerra.
Cultura, história e povo: a fórmula da resistência
O festival promovido durante o evento — com encenação teatral, poesia, feira cultural e exposições históricas — teve uma função dupla: aproximar a população da história e proteger essa mesma história de desaparecer pela omissão. No Brasil de hoje, onde muitas vezes a cultura é instrumentalizada por agendas que não dialogam com a formação da cidadania, iniciativas como essa educam e conectam.
O lançamento da reedição do livro “6º Regimento de Infantaria Expedicionário” é mais uma trincheira na guerra contra o esquecimento. A história escrita por quem viveu — como o Capitão Antorildo Silveira — serve como muralha contra qualquer tentativa de reescrever os fatos sob lentes ideológicas enviesadas.
O Brasil precisa reencontrar seus heróis
É urgente redescobrir o significado de patriotismo que não se confunde com partidarismo. Relembrar Fornovo di Taro é reconhecer que o Brasil já foi — e ainda pode ser — protagonista em cenários globais. Nossos pracinhas mostraram ao mundo que o soldado brasileiro é corajoso, disciplinado e comprometido com a liberdade. E essa narrativa precisa ocupar lugar de honra nos discursos públicos, nos currículos escolares e na consciência coletiva.
Celebrar Fornovo é celebrar o Brasil que venceu. É reafirmar que o povo brasileiro, quando unido por valores maiores do que os interesses do momento, tem força para escrever capítulos grandiosos da História. Que assim continue sendo.
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