Operação logística para lançamento de cabo submarino

Hoje completa um mês que um vulcão localizado nas proximidades de Tonga, país da Oceania, teve uma violenta erupção, provocando um tsunami no país e enviando cinzas e gases no ar. O caso talvez não tivesse gerado tanta repercussão no Brasil se não fosse o aparecimento de gases remanescentes do vulcão que alteraram o tom de cor do céu em diversas cidades brasileiras. Como consequência da erupção, houve, também, o rompimento de cabos submarinos que deixaram Tonga sem comunicação com o restante do mundo.

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Os cabos submarinos são essenciais para a transmissão de dados de telefone ou internet, por exemplo. Eles são comumente utilizados em redes internacionais de telecomunicações, interligam países e continentes e são fundamentais para a utilização da internet da forma como conhecemos atualmente.

Cerca de 437 sistemas de cabos submarinos estão ativos no mundo, sendo lançados aproximadamente 100 mil km de novos cabos por ano. Em 1995, a distribuição entre a transmissão de dados de comunicações via cabos submarinos e satélite era de 50% para cada. Atualmente, essa relação é de 99% via cabos submarinos e 1% via satélites.

Na parte marítima, os cabos submarinos são lançados por navios especializados, que têm a capacidade de lançamento e reparo, podendo contar, inclusive, com o apoio de um veículo submarino operado remotamente para a instalação. Os cabos de telecomunicação submarinos modernos são normalmente de fibra ótica, variando em termos de comprimento, topologia de rede e capacidade de transporte de dados.

Situação no Brasil

No cenário brasileiro destacam-se a Anatel, o Ibama e a Marinha do Brasil (MB) como órgãos regulatórios, cada um com uma atribuição específica, cabendo à MB a atribuição de autorizar a instalação desses cabos, de acordo com as Normas da Autoridade Marítima e a Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário, que definem os registros operacionais necessários quando em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB).

Na MB, as Capitanias dos Portos são as organizações militares responsáveis por acompanhar os processos de autorização de instalação de cabos submarinos em suas áreas de responsabilidade e encaminhar os documentos referentes ao projeto à Diretoria de Hidrografia e Navegação, bem como a planta final da situação – documento georreferenciado encaminhado, ao final da instalação do cabo submarino – ao Centro de Hidrografia da Marinha para que seja cartografado.

Além da importância da interligação entre o Brasil e os outros países e continentes, também é importante que as cidades brasileiras estejam interligadas e possuam infraestrutura de comunicação adequada.

No Brasil, existem quatro principais pontos de conexão, sendo o mais importante o de Fortaleza (CE), que é considerado pela comunidade internacional como um grande hub intercontinental, funcionando como um polo conector entre diversos sistemas de telecomunicações via cabos submarinos. Os outros três polos relevantes estão situados em Santos (SP), Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ).

Marinha no apoio ao Programa “Norte Conectado”

A região mais crítica em nosso País é a Região Norte. Por isso, o Governo Federal criou o Programa “Norte Conectado”, capitaneado pelo Ministério das Comunicações, que visa a atender a uma demanda reprimida por comunicação, incluindo a ampliação do acesso à internet, a melhoria da segurança e a redundância das redes terrestres existentes na região.

Isso será possível por meio de infraestrutura de alta capacidade, com elevada confiabilidade e disponibilidade, que possibilitará o escoamento do tráfego de dados das instituições públicas de educação, saúde, segurança pública e justiça, dos poderes executivos Municipal, Estadual e Federal, bem como das operadoras de telecomunicações e dos provedores locais de acesso à internet em banda larga.

Em uma ação, no dia 14 de janeiro, que faz parte do programa, a Marinha prestou apoio logístico para o lançamento de cabo subfluvial de fibra óptica de 770 quilômetros de extensão, no leito do Rio Amazonas, em Macapá (AP).

A Capitania dos Portos do Amapá realizou a interdição fluvial e a segurança do tráfego aquaviário nas proximidades da área da Fazendinha (AP), com apoio do Navio-Patrulha “Bracuí”, do Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Norte, da Lancha de Ação Rápida, do Grupo de Embarcações de Operações Ribeirinhas do Norte, e de outros órgãos de Segurança Pública.

O Capitão dos Portos do Amapá, o Capitão de Mar e Guerra Kaysel Costa Ribeiro, avalia que com o Programa “Norte Conectado”, a notável melhora no acesso à internet para as comunidades mais afastadas da capital facilitará o trabalho de conscientização da Marinha do Brasil. “A população ribeirinha terá a oportunidade de acessar os serviços prestados pela Capitania, de se informar sobre as campanhas de conscientização para prevenção de acidentes e de contribuir para a segurança da navegação”, disse o comandante.

Atualmente, as redes de telecomunicações na Região Norte sofrem quedas constantes de conexão por falta de uma infraestrutura robusta de transporte de dados em fibra óptica, que geram impactos à população local, ao comércio, à indústria e às estruturas administrativas municipais, estaduais e federais.

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Marinha atua em apoio ao Programa Norte Conectado

De acordo com o Ministro de Comunicações, Fábio Faria, o programa tem o propósito de mudar esse quadro. “Com o Norte Conectado, vamos levar internet para milhões de brasileiros que hoje possuem pouca ou nenhuma conexão. Tudo isso sem derrubar uma árvore sequer, já que se trata de uma rede subfluvial. Essa verdadeira revolução que implementamos na região Amazônica não seria possível sem a parceria com a Marinha do Brasil”, afirmou.

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Escola ribeirinha em Almeirim beneficiada pelo programa
Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).